sábado, 30 de maio de 2009

A revolta

Olá pessoal:
Pediatras, Médicos, Cidadãos em geral:

Tenho ficado bastante enciumado ultimamente com a "festa" mundial feita "injustificadamente" em torno de um bicho, que, por ser novidade, tem me deixado de lado. Parece que tenho menos importância que o tal Influenza A H1N1. Por que?
Faço minhas considerações:
Há cerca de 12 anos, sistematicamente, ano após ano, venho me esforçando bastante e causando epidemias por este grande país em toda sua extensão.
Já atingi todos os estados de norte a sul e até cheguei a "los hermanos" na Argentina.
Num esforço competente, persistente e malévolo, saí da sombra, água fresca e limpa dos velhos pneus e me adaptei à urbanidade das caixas dágua, dos plásticos e outros recipientes em lixões que a sociedade não sabe como destinar. Cheguei às bromélias - aliás sou muito grato às prefeituras que as plantaram abundantemente.
Há muitos anos vivo confortavelmente nos veículos sucateados de todos os DETRANS e CIRETRANS das cidades, e até mesmo em carrocerias de camionetes sucateadas de uma tal de "FUNASA" onde sou encontrado em grande quantidade frequentemente. Na falta de saber para que servem aquelas latas velhas viradas nos pátios venho aproveitando tranquilamente; ninguém me incomoda ali.
Num esforço atual e enorme competência estou me adaptando aos encanamentos de drenagem da água pluvial de todos os centros urbanos. É um lugar bastante seguro; garantia de que todo ano estarei presente nas cidades.
No início eu transmitia um tipo de vírus, mas ao me darem sombra e água fresca, comecei a variar e ampliar o negócio: atualmente já transmito 3 tipos e logo vou transmitir todos os 4 tipos num exemplo de máxima dedicação à causa.
Causava poucas mortes, mas como me deram pouca importância, fui ficando bravo e agora já mato muito mais. Depois de assistir ao show de incompetência político-administrativa (vide somente o belíssimo espetáculo proporcionado por César Maia no Rio de Janeiro), fui perdendo até a piedade e agora mato também crianças, cada vez mais... E continuam me dando menos importância que o tal vírus suíno (suíno?)
Enquanto as "otoridades" e a população não se conscientizarem pra valer vou levando meu destino adiante e atormentando cada vez mais.
Tenho a nítida impressão que quando uma desgraça é muito duradoura e persistente, vai perdendo a importância.
Sem resistência ao meu trabalho, passei da Dengue clássica, para a Febre hemorrágica dengue e atualmente faço descaradamente o choque hemorrágico.
Nem quero lembrar que também posso transmitir a Febre Amarela, bastando para isso me aborrecer mais e aumentar a concentração nos criadouros.
Será que este espalhafato todo com a tal "gripe dos porcos" é porque ela também dá em rico e eu adoeço mais os pobres?
Será que se eu aparecesse nos aeroportos, no Canadá, em Nova York, no Japão e outros lugares chiques eu teria mais importância?
Não será necessário cada cidadão do mundo andar com um "mosquiteiro" cobrindo todo o corpo, ao invés daquela máscara?
Porque meus doentes "dengosos" não têm um "scanner térmico" daqueles dos aeroportos? Nem gorro, máscara e aquele aparato todo?
Por que eu posso voar em aviões, andar de navio e trem, entrando e saindo livremente nos países e estados? Meu passaporte deve ser melhor que o do vírus, porque até hoje, minha liberdade é total.
E se eu tivesse um "Tamiflu" e uma "Roche" só para mim, este país, a população e as autoridades, os governos e o mundo me dariam mais atenção? Sem maldade.
Por que até hoje não investiram pesado para fabricar uma vacina eficiente contra meus vírus?

São minhas considerações

Aedes aegypti

Artigo "aedes egypti”, escrito pelo Dr. Ronaldo E. Martins quando tece considerações a respeito do estardalhaço criado com a nova gripe Influenza A , vulgo gripe suína.

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